Penapolenses colecionam discos de vinil

Rafael Machi

 Bons cuidados garantem vida útil ao vinil

Nesta época em que milhares de músicas cabem no bolso de uma calça ou camiseta, encher as estantes e armários de discos pode não parecer muito lógico para algumas pessoas. Mas não é o que pensam os colecionadores de vinis, que tratam com carinho especial cada item da sua coleção.

Para os amantes destes discos, o objeto é mesmo fascinante, pois há todo um ritual: colocar o vinil, os estalidos produzidos pela agulha, o manusear das capas e as imagens delas.

O número de pessoas que lotam suas prateleiras ou armários com músicas no formato analógico vem crescendo a cada dia, reunindo tanto aqueles que viveram a era de “ouro do disco” quanto os que cresceram em meio a CDs e à tecnologia digital. O aposentado Moisés Ambrósio, 63 anos, e o radialista Valdir Lahr, 61, de Penápolis, são colecionadores de LPs (Long Play).

O radialista revela que a paixão começou em 1960. Na época, as músicas eram feitas nos vinis de 78 rotações, ou “bolachas pretas”. “Mantenho até hoje os discos porque o público que ouve meu programa pede sucessos de artistas como Tonico e Tinoco, Belmonte e Amaraí, Bruno e Marrone, entre outros que estão nos LPs”, destacou. Valdir, que tem uma discoteca própria na emissora, com mais de 2 mil discos, recorda com emoção que em meados dos anos 70 os jovens faziam, em todas as noites, as brincadeiras dançantes. Nestes eventos, uma pessoa levava uma vitrola e outra os discos, reunindo um grande número de convidados, que dançavam até altas horas. “É por isso que muitos mantêm a tradição de colecionar LPs. Até porque a qualidade do som deles não perde para os demais, desde que haja um grande cuidado e zelo. Enquanto eu estiver na rádio, manterei a tradição de colecionar e tocar as músicas dos discos de vinil.”

BRINCADEIRAS DANÇANTES

Já o aposentado Moisés Ambrósio, que possui 172 LPs, 41 compactos e 40 discos de 78 rotações, se recorda, com muito orgulho, do primeiro disco de vinil que adquiriu quando era cobrador de ônibus em São Paulo. “Lembro até hoje que comprei o LP da banda mexicana Mariachis, na loja do radialista da Rádio Record José Bettio”, diz.

O acervo do aposentado reúne LPs de vários gêneros, entre eles Jovem Guarda, Roberto Carlos, sertanejo raiz, Beatles, Nelson Gonçalves, valsas e orquestras, além de duas vitrolas em bom estado de conservação para rodar os LPs. “Sempre que estou em casa, coloco os discos para ouvir, guardando boas lembranças.” Ele conta que, por várias vezes, outros colecionadores tentaram comprar seu acervo, mas ele não vendeu.

O jornalista Arci Lourenço de Almeida, de Penápolis, também guarda com carinho vários exemplares de LPs que ainda tocam perfeitamente no aparelho 3 em 1 que possui.

Dicas para manter o vinil em bom estado:

- Tire a poeira com freqüência

- Guarde os discos na posição vertical

- Mantenha o vinil e a capa nas embalagens plásticas

- Lave com água e sabão neutro ou de coco

- Seque o excesso de água com um pano macio. Em seguida, ainda úmido, coloque o disco para tocar – a agulha vai passando pelos sulcos e retirando as impurezas, os resíduos e a sujeira

- Para dar um brilho, passe sprays, como Bom Ar e, em seguida, lustre com um pano macio (flanela)