Plantio desordenado de crotalária pode complicar

Amanda Monzani



Se em grande quantidade, planta pode desequilibrar o ambiente



Recolher entulhos, dedetizar casas, conscientizar pessoas e preocupar-se com recipientes que acumulam água. Essas são algumas ações atualmente praticadas para combater a dengue. Porém, há uma novidade sendo testada. Da classe das leguminosas, a crotalária, planta usada para hidrogenar e fertilizar o solo em cultivo de rotação de cultura, pode se tornar uma aliada nesse combate.

A planta atrai insetos predadores, entre eles, a libélula. Esse animal deposita seus ovos em água limpa e parada e, quando eclodem, as larvas se alimentam de outras larvas. Na fase adulta, a libélula também se alimenta de insetos, e o mosquito transmissor da dengue está no cardápio dela.

Municípios da região já adotaram a prática, entre eles, Mirandópolis. O diretor do Departamento de Saúde da cidade, Afonso Carlos Zuin, informa que o projeto foi inspirado em uma experiência em Monte Aprazível , primeiro município da região a testar o método, e que a semente da planta pode ser cultivada em qualquer espaço. “A crotalária pode ser cultivada em residências, terrenos e áreas públicas e privadas.”

OUTRO LADO

O biólogo especialista em Educação Ambiental, José Luís Carvalho Sales, explica que a crotalária pode trazer desequilíbrio ambiental. “A planta não atrai apenas libélulas, mas também outros insetos predadores que podem extinguir espécies que ainda não foram estudadas. Isso causaria um descontrole na cadeia alimentar acarretando surtos de doenças que esses insetos poderiam estar controlando.”

Sales ressalta, ainda, que não há estudos que comprovem que a crotalária é benéfica. “Ao que se sabe, a libélula deposita seus ovos em lagoas e córregos e não em tampinhas de garrafas, pneus ou vasos de planta. É preciso que haja uma pesquisa que comprove que não haverá transtornos biológicos antes do plantio desordenado da planta.”